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quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Risco de infecção por micobactéria cancela cirurgias de lipoaspiração




Falha na esterilização pode ser a causa da contaminação.
Epidemia já atinge Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.

As cirurgias de lipoaspiração foram canceladas e os aparelhos usados nesse tipo de operação serão substituídos no Espírito Santo. O motivo é a micobactéria, que já contaminou milhares de pessoas em todo o Brasil. E os médicos avisam: a contaminação pode ser muito maior do que se imagina.

“Eu tinha um mês de casada quando fiz uma cirurgia. Quase acabei com a vida da minha mãe, do meu marido e da família inteira”, diz a operadora de financiamento Vanessa Faria.

“Quando eu fiz a cirurgia, eu achei que fosse ser uma nova mulher. E não foi isso bem o que aconteceu”, diz a assistente administrativa Luciene Teixeira.

Luciene e Vanessa mal conseguem se olhar no espelho. Elas foram contaminadas em uma cirurgia de lipoaspiração por uma superbactéria que desafia os cientistas. A epidemia já atinge Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.

Só no mês passado, cinco casos foram identificados na Região Metropolitana de Vitória.

Mas que bactéria é essa? As placas verdes são colônias de Mycobacterium abscessus, um microorganismo parente do bacilo da tuberculose.

A micobactéria contamina o instrumento que suga a gordura na lipoaspiração, chamado cânula. E causa uma violenta infecção.

“Eu estava com fortes dores, desmaiava toda hora, cheguei no hospital quase sem pressão nenhuma e no total tomei seis bolsas de sangue”, diz Vanessa.

Surto sem precedentes

No ano passado, uma outra bactéria, da mesma família, provocou no Brasil um surto sem precedentes. “Nunca houve no mundo a identificação de um número de casos tão grande causado por um mesmo patógeno”, afirma Margareth Dalcolmo, pneumologista da Fundação Oswaldo Cruz.

A Mycobacterium massiliense atacou mais de 2 mil pacientes de videocirurgias em todo o país. “Por reuso de material descartável, por má utilização dos mecanismos de limpeza e esterilização”, diz Margareth.

“A minha cicatriz está com 36 centímetros. Eu perdi o umbigo e estou com dois nódulos no fígado que os médicos ainda não sabem o que é”, afirma o empresário Marcos César Martins.

Ele foi contaminado em uma videocirurgia de vesícula. O empresário faz parte de uma associação que reúne mais de cem vítimas desse tipo de micobactéria no Espírito Santo. São pessoas que convivem com seqüelas graves.

“Já fiz duas cirurgias para retirar a bactéria, estou com uma hérnia, estou com nódulo no fígado. Perdi 20 decibéis em cada ouvido, a minha visão também está turva”, conta a publicitária Fernanda Ferreguetti.

Hospitais do estado foram multados em até R$ 50 mil por falhas na limpeza de equipamentos cirúrgicos. “Na época, se descobriu que a bactéria era resistente à solução que se usava para esterilizar o tipo de material de videocirurgia”, lembra o infectologista da Ufes, Reynaldo Dietze.

Foram determinadas mudanças nos procedimentos de limpeza e o surto foi controlado.

Agora, a epidemia causada pela outra bactéria - aquela que vem aparecendo nas
cirurgias de lipoaspiração - pode ter a mesma origem: instrumentos mal esterilizados.

Esterilização

Por ano, no Brasil, são realizadas cerca de 100 mil lipoaspirações. E a notícia de contaminação por bactéria alterou a programação de um congresso no Rio de Janeiro. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi convocada às pressas para alertar os médicos sobre os cuidados com a limpeza do equipamento.

“A recomendação é que todos os médicos agora verifiquem o estado de suas cânulas”, pede José Tariki, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

No Espírito Santo, a Secretaria de Saúde já anunciou que os instrumentos usados em cirurgias de lipoaspiração serão trocados. “Tudo novo para que a gente possa ter de fato essa segurança tão desejada”, diz Anselmo Tozi, secretário de Saúde do Espírito Santo.

“Nós vamos recomendar que os médicos que têm esse material com mais de cinco anos de uso, que troquem, que comprem material novo, para prevenção”, diz Sérgio Levy, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica do Rio de Janeiro.

A micobactéria se transformou em um pesadelo sem fim para as vítimas. As cariocas Luciene e Vanessa tomam há seis meses antibióticos pesados, que atacam o fígado e o estômago, além de dolorosas injeções semanais.

“Eu entrei com um processo contra a médica e contra a clínica”, diz a comerciante Luciene Teixeira. Mas as cicatrizes - físicas e psicológicas - talvez nunca desapareçam.

Fonte: G1/Fantástico

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